Escravizada

Desejo ser teu mais profundo sentimento de paz... essa vibração constante que existe no aperto das nossas mãos; o brilho termântico e libidinoso, que faz morada nos teus olhos quando nos amamos... Anseio ser eterna, na voluptuosidade dessa boca, que queima e arrepia minha pele na hora do prazer.

Sento-me ao teu colo e logro ser amazona lasciva e sensual. Sou escrava do desejo, a mulher que se deleita e contorce aos abraços dos teus braços. Tenho o néctar do corpo que estremece na minha boca... e degusto a vida nesse frenesim engalanado de amor. És meu, de todas as maneiras estranhas e sensuais. Sem preconceitos ou medos.

Em todas as cadências do meu corpo e do meu sentimento, encontras a mulher. Plena! Amo-te em tudo e revelo-me ao sussurro desse hálito quente e perfumado.

Suplico-te a escravidão, sim. Por que, não? Deitar-me ao teu lado e, propriedade desse incansável arroubo, ser acarinhada pela tua língua quando te fizer feliz, ou suportar o chicote prazeroso dos atos que me provocam o feminino, quando não souber compreender o teu desejo.

Amor.
Paixão.
Preciso, enroscada no teu corpo, perder-me eternamente nas tuas palavras... Essas mesmas palavras, que revelam em mim a mulher-escrava transformada em mito, tão somente e apenas, ao sabor da tua cobiça. Escrava... jamais alforriada!

Com o meu beijo.

Rio de Janeiro, 1987 – 21h
Fundo musical: Sándor Benkó - Petite Fleur